A indústria regulamentada da cannabis produz uma quantidade significativa de resíduos, contribuindo para o aumento das emissões de dióxido de carbono e poluição ambiental. Em 2020, a National Cannabis Industry Association estimou que os subprodutos da maconha em aterros sanitários aumentavam as emissões de dióxido de carbono em impressionantes 27.876 toneladas métricas por ano. Diante desse cenário preocupante, algumas empresas de cannabis têm adotado práticas sustentáveis, reciclando materiais e transformando-os em embalagens para seus produtos.
Mike Forenza, sócio-gerente da AE Global, uma fornecedora de embalagens personalizadas para a indústria da cannabis sediada em Miami, destaca a importância da sustentabilidade: "É visível para todos que a sustentabilidade é algo que você precisa ter. Seu produto é realmente o primeiro passo para dizer: 'Estamos tentando ser o mais sustentáveis possível.'"
Os produtos descartáveis para vaporização, que ganharam popularidade nos últimos anos, são uma fonte significativa de resíduos. Plásticos não biodegradáveis e baterias inflamáveis muitas vezes acabam em aterros sanitários. No entanto, algumas empresas estão buscando soluções melhores. A PAX Labs, por exemplo, lançou o PAX Trip, seu primeiro produto feito com plástico recuperado e reciclado dos oceanos. "Queríamos colocar menos plástico virgem no mundo," afirmou Laura Fogelman, porta-voz da empresa.
Outros grandes operadores também estão implementando iniciativas de embalagens mais sustentáveis. A produtora canadense de cannabis Tilray Brands começou a converter algumas de suas embalagens para cânhamo, minimizando o uso de plásticos descartáveis. Em entrevista ao portal MJBiz Daily, o CEO da Tilray, Irwin Simon, destacou que a empresa desviou aproximadamente 131.000 quilos de resíduos plásticos dos aterros sanitários em 2023.
A Wyld, sediada no Oregon, lançou uma bolsa totalmente compostável para seus produtos no mercado canadense. A empresa também obteve uma certificação de neutralidade climática após medir e compensar seus impactos de carbono nas operações. "Queremos substituir todos os plásticos de uso único em nosso fluxo de embalagens," afirmou Ben Gaines, vice-presidente de marketing da Northwest Confections, controladora da Wyld.
Startups como a Ecoshell estão entrando no mercado com soluções para reduzir plásticos e emissões de carbono. A empresa, que opera em Taiwan e tem parcerias de produção no Sudeste Asiático, está testando designs de embalagens personalizadas para três empresas de cannabis. Em outubro, lançou o eco-shell, um material patenteado composto principalmente de cascas de ovos, que pode substituir até metade do conteúdo plástico em uma variedade de produtos.
A incorporação de materiais reciclados nas embalagens de produtos de cannabis não apenas reduz a quantidade de resíduos plásticos, mas também promove uma cultura de sustentabilidade na indústria. Essas iniciativas demonstram que é possível alinhar os objetivos empresariais com a preservação ambiental, criando um impacto positivo tanto para os negócios quanto para o planeta.
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