O skatista Pedro Barros, o nadador Talisson Glock, a jogadora de vôlei Duda Oliveira e a carateca Nathalia Gomes podem atuar em diferentes modalidades esportivas, mas têm algo em comum: todos utilizam o canabidiol (CBD), uma das moléculas da maconha, como parte de seus tratamentos.
Em 2018, a Agência Mundial Antidoping (WADA) retirou o canabidiol (CBD) da lista de substâncias proibidas, distinguindo-a do tetrahidrocanabinol (THC). Essa decisão abriu espaço para pesquisas sobre os benefícios terapêuticos da cannabis no esporte, e organizações como o UFC e a NBA deixaram de considerar a planta e seus componentes como doping.
No Brasil, a legislação permite o uso da cannabis apenas para fins medicinais, mediante prescrição médica. No entanto, a regulamentação específica para atletas é escassa e, muitas vezes, apresenta conflitos com as regras antidoping. De acordo com a WADA, o CBD "puro" é permitido no esporte, mas sua combinação com o THC é proibida durante as competições.
O advogado especialista em Direito Canábico, Ladislau Porto, aponta que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) adota uma abordagem cautelosa, colocando a responsabilidade do uso de produtos à base de CBD inteiramente sob o atleta. "Existe o risco de ingestão inadvertida de produtos contendo THC, o que pode resultar em um teste antidoping positivo", explica Porto.
O médico de Família e Comunidade, Gilberto Pannunzio, destaca os diversos benefícios que o CBD oferece a atletas, como a recuperação muscular mais rápida, a redução da dor e inflamação, além do aprimoramento do foco e da performance cognitiva. Ele explica que o CBD atua no sistema endocanabinoide, influenciando positivamente o sistema nervoso central e auxiliando na redução da ansiedade e na melhoria da qualidade do sono.
Nathalia Gomes, carateca de 29 anos e portadora de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), afirma que o CBD tem sido fundamental para sua concentração e para reduzir a intensidade dos pensamentos negativos. Ela ressalta que o CBD proporcionou uma solução mais estável e eficaz em comparação às medicações convencionais, melhorando não só sua prática no caratê, mas também seus resultados nas competições de alto nível.
Para garantir a conformidade com as regras da WADA, que permite apenas o uso de canabidiol isolado, os produtos recomendados para atletas são aqueles que não possuem traços de delta-9 THC ou outros componentes da planta. O advogado Ladislau Porto alerta que o uso de produtos full ou broad spectrum, que podem conter pequenas quantidades de THC, pode resultar em penalidades para os atletas.
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